Escrito por Paulo Sacaldassy
Sei que este é um assunto que já tratei outras tantas vezes em outros tantos artigos, portanto, vou procurar não ser muito repetitivo. Acontece que tenho lido alguns textos para teatro, e eles podem ser tudo, menos Dramaturgia. Então, acho que vale a pena mais uma vez, trocar experiências sobre o que eu aprendi e que ainda venho aprendendo sobre a peculiaridade de se escrever um texto para teatro.
Á primeira vista pode se achar fácil escrever um texto para teatro, basta trocar alguns diálogos entre alguns personagens e, pronto, temos um texto para teatro, dramaturgia pura. Ledo engano. O que tenho lido mostra que há uma grande confusão de gênero literário, uma mistura de conto narrativo com roteiro cinematográfico e algumas pitadas do universo teatral para deixar o texto familiar ao gênero teatro.
Soma-se a isso, a falta de criatividade, a deficiência com a escrita da língua pátria e o notório desconhecimento das ferramentas necessárias para se escrever para o gênero teatral. Porém, é possível perceber em alguns dos textos, que alguns tantos precisam apenas do aprendizado, pois mostram um mínimo de noção, mas a falta de conhecimento deixa claro que há uma deficiência, aliás, várias deficiências.
E como melhorar isso? Bem, estudando e escrevendo, fazendo e refazendo e, principalmente, freqüentando cursos e oficinas de dramaturgia, onde a troca de conhecimentos e as dicas sobre as ferramentas que compõem a construção do texto são fundamentais, Mas, infelizmente, a freqüência das oficinas de dramaturgia que dou, é baixíssima, uma pena. Eu, sempre que posso, faço cursos para aperfeiçoar o meu trabalho. Aprender é preciso.
Hoje ainda faço uso do que aprendi nas primeiras aulas de um curso de dramaturgia e que todo mundo que quer escrever para teatro tem obrigação de saber: dramaturgia não é drama na acepção da palavra, dramaturgia significa: ação, portanto, o que faz um texto de teatro é a ação provocando uma reação e essa ação precisa ser oriunda de um conflito, provocar um clímax e desaguar numa resolução, porque, uma história sem conflito, não precisa ser mostrada, pode ser simplesmente contada, e aí, deixa de ser dramaturgia.
A dificuldade que percebi nos textos que andei lendo é justamente esta, a história não é contada através das ações de seus personagens, na maioria deles, há muita narração de fatos e a utilização de artifícios de roteiro, pontuando algumas marcações cênicas, como se isso, já fizesse do texto, dramaturgia. Há de se pensar a história e visualizá-la em cima de um palco. As ações precisam mover a história em busca da resolução do conflito.
Por isso, quem gosta mesmo de escrever para teatro, precisa freqüentar cursos e oficinas de dramaturgia, porque escrever para teatro é um aprendizado eterno e infindável, pois, teatro fala das relações humanas e estas, estão sempre em conflito. É isso, os ingredientes para uma boa dramaturgia estão todos aí, basta apenas querer aprender.
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